terça-feira, 16 de julho de 2013

Diário de Daiane




Acordei e senti o odor matinal de café da manhã. Meu pai não sabe cozinhar, assim como eu nunca aprendi... Eu preferia que ele deixasse de tentar suprir essa falta de mãe. Seria mais simples comer pão com ovo e beber um iogurte... É claro que eu não digo isso pra ele, isso seria o seu fim.
Se um dia eu casar meu marido tem que saber cozinhar... Ele também deve saber um bocado de outras coisas, mas cozinhar é essencial, ou então vamos viver da comida indiana do Annapurna. Eu amo comida indiana, quando casar meu marido deve gostar de comida indiana também. O único problema de comida indiana é que nada tem carne. Amo carne vermelha, carne vermelha bem suculenta. Às vezes eu sou meio troglodita, mas normalmente eu sou uma dama. Sério.

Olhei o despertador, seis horas em ponto, criei coragem e levantei. Observei minha imagem no espelho. Adoro minha cara pela manhã. Meu nariz achatado, meus lábios inchados, meus cachos em um black power incrivelmente bem feito. Sou linda. Sorri. Me assustei.
Tomei banho como de costume, me imaginei adiando o terrível café da manhã, mas não tem para onde correr. Tudo bem, é só isso. Vesti o uniforme da Academia Livre que, na verdade, de livre não tem nada. O uniforme consiste em camisa de botões, saia lápis, meias brancas e sapatinho preto. Bem arrumadinho, parece com as roupas que devo usar nos eventos da marinha. Tá certo... Não é de um todo horrível. Mas passar o dia inteiro tendo cuidado ao sentar e dando uma olhada se as meias continuam brancas, o que é bem difícil em uma escola onde para ir de uma sala de aula a outra você precisa atravessar um bosque, enche o saco depois de um tempo. Acho que não aguentaria mais um ano.

Desci, meu pai fez panquecas. Elas estão da minha cor. Queimaram.

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