Se um dia eu casar meu marido tem
que saber cozinhar... Ele também deve saber um bocado de outras coisas, mas
cozinhar é essencial, ou então vamos viver da comida indiana do Annapurna. Eu
amo comida indiana, quando casar meu marido deve gostar de comida indiana
também. O único problema de comida indiana é que nada tem carne. Amo carne
vermelha, carne vermelha bem suculenta. Às vezes eu sou meio troglodita, mas
normalmente eu sou uma dama. Sério.
Olhei o despertador, seis horas
em ponto, criei coragem e levantei. Observei minha imagem no espelho. Adoro
minha cara pela manhã. Meu nariz achatado, meus lábios inchados, meus cachos em
um black power incrivelmente bem feito. Sou linda. Sorri. Me assustei.
Tomei banho como de costume, me
imaginei adiando o terrível café da manhã, mas não tem para onde correr. Tudo
bem, é só isso. Vesti o uniforme da Academia Livre que, na verdade, de
livre não tem nada. O uniforme consiste em camisa de botões, saia lápis, meias
brancas e sapatinho preto. Bem arrumadinho, parece com as roupas que devo usar
nos eventos da marinha. Tá certo... Não é de um todo horrível. Mas passar o dia
inteiro tendo cuidado ao sentar e dando uma olhada se as meias continuam
brancas, o que é bem difícil em uma escola onde para ir de uma sala de aula a
outra você precisa atravessar um bosque, enche o saco depois de um tempo. Acho
que não aguentaria mais um ano.
Desci, meu pai fez panquecas.
Elas estão da minha cor. Queimaram.
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